segunda-feira, 22 de novembro de 2010

01/11

Em junho desse ano, depois de alguns testes de farmácia e alguns betas (que subiam lindamente e dobravam a cada dois dias, ufa!) estava confirmado: Gravidíssima!

Felicidade!!! Felicidade!!! Felicidade!!!

Início do pré-natal, ultras, exames de sangue, ansiedade pra saber o sexo, começo do enxoval, nada de sustos, felicidade, ultras, exames de sangue, sonhos, alegria, falar para os amigos, contar para a família, nada de dor, exames, comprar roupinhas, enjoos, ser mimada, sonhar, sonhar, sonharrrr....

Tudo lindo. Com 16 semanas, descobri que o Pedro morava aqui no forninho. Um Molequeeeee!!!! Acho que o dia que descobri que era menino foi o mais lindo de todos. Claro que descobrir a gravidez é mágico, mas saber o sexo deu uma outra dimensão a tudo. Não tinha preferência de sexo, nem eu e nem o marido mas a partir daquele dia, podíamos chamar o bebê, o embutido, a bolotinha, o biscoitinho pelo nome .E isso era muito bom.

Então fomos muito felizes. Fomos, porque com 23 semanas tudo acabou.

No sábado, dia 30/10 fui fazer mais uma das 1.4529.785 ultras. Tudo lindo, Pedro crescedo, placenta certinha, batimentos ok. Saí da Ultra e fui na Abracadabra escolher o berço, carrinho e outras coisinhas. Tudo escolhido, orçamentos em mãos. Almoçamos e fomos pra casa.

Comecei a sentir um desconforto na coluna, o que era normal. Minha barriga já estava grandinha e como tinha andado um pouco, era só descansar que estaria tudo certo.

Não, não estava tudo certo. O desconforto continuou a noite de sábado. Domingo a mesma coisa. Começei na sentir umas dores estranhas, tipo cólica.

Decidimos ir para emergência do hospital. Buscopan e soro na veia. Exame de urina. A Dor melhorou um pouco mas no exame apareceu uma leve infecção urinária. Antiinflamatório e Dactil OB e volto pra casa. Isso eram 17hrs.

Ligo para o médico e não consigo falar. Em casa, deito e rezo pra chegar segunda, dia que já tinha consulta marcada.

Começo a sentir uma dor estranha. Parece cólica. Parece dor no rim. Parece, parece , parece....
Era contração. Noite em claro,começei a monitorar a duração e o intervalo da dor. Contraçãooooooo!!!!

5 horas da manhã. Deitada, escuto um barulho de estouro. A bolsa estourou. Jorra água pela casa. Corre para o banheiro. Coloco um vestido qualquer e voo para o hospital.

Desespero. dor. uma vontado incontrolável de empurrar o neném . Meu médico chega. Corre pro centro cirurgico.
.....
Dia 01/11, as 7:50hrs ,com 23 semanas, 570grs. e 29cm. O Pedro nasceu.
.....
Dor. Dor. Dor. Dor.

Fui para o quarto e a noite fui na UTI ver meu filho. De mãos dadas com meu marido fui ver o amor da minha vida. Ali eu já sabia.

Tive alta dia 03/11 e a noite voltei para visita-lo. Dor, dor, dor, dor....
Dia 04, as 11 da manhã meu marido recebe uma ligação do hospital. Era para irmos correndo pra lá.

O pulmão dele até estava lutando, o que geralmente num prematuro é o primeiro órgão a dar problema, mas o rim dele teve uma alta de potássio e não conseguiu.

Dor, dor, dor, dor... Nunca pensei na minha vida que fosse passar por isso. Enterrei meu filho.

Entrei no cemitério, de mãos dadas com meu marido carregando o caixão do nosso filho.

Em nenhum momento senti revolta ou questionei . Só tinha Dor, dor, dor, dor...

Dilacerante, arrasador, massacrante.

Aquela noite não dormi. E acho que até agora não dormi.

Só sinto saudade. Muita. Saudade do que vivi com ele na minha barriga e do que ia viver quando ele estivesse em meus braços.

Ver sair leite dos meus seios e não amamenta-lo é a segunda coisa mais dolorosa do mundo.

Mas sou grata à Deus. Muito. Pelo tempo que ele passou dentro de mim e por saber que fui escolhida para que esse espírito terminasse a missão que deveria cumprir.

Tenho a certeza dentro do meu coração que ele vai voltar. Certeza. Certeza.

Hoje fazem só 22 dias que tudo aconteceu. E dói. E vai doer pra sempre, mas a cada dia aprendo a viver com a dor. Na verdade, tô aprendendo a viver com a saudade.

"Pedro, meu amor, meu coração é seu. minha alma é sua e meu corpo também. Fico aqui esperando você voltar. Beijo da mamãe. "

Um comentário:

Denise disse...

Não fico surpresa que Deus tenha te escolhido para cumprir essa difícil missão.. de ser a mãe de um espírito que precisava de apenas poucos meses para evoluir e fazer vc também evoluir, por conta de sua visão da vida... parabéns por isso...

Sou adepta ao espiritismo, porém não conheço a doutrina tanto quanto gostaria.. mas pude perceber o quão evoluida tu és..

Lamento muito a sua dor.. quem tem blogs, que gosta de compartilhar de suas vidas, costuma ter grande empatia com os sofrimentos alheios, e por isso, e também por ser humana, posso dizer que sinto muito mesmo sua dor e tristeza, mas sua aceitação é a melhor forma de fazer com que essa dor seja substituida pela saudade...

mas suas palavras são sábias e correspondem a mais pura realidade: o sofrimento nos evolui, nos faz desapegar do supérfulo e expande nossas mentes para algo mais grandioso e realmente necessário... só quem passa por isso pode saber né...(não quero falar de mim, mas já passei pela perda grandiosa de meu pai e essa saudade, posso garantir é eterna)

Espero poder, mesmo virtualmente, lhe enviar energias positivas de modo que em janeiro, possas nos presentear com uma boa notícia..

Desejo muita felicidade pra vc e sucesso... como vc disse, o final feliz ainda não veio mas virá!...

grande beijo... Denise